Há exatos 07 anos, no dia 17 de julho de 2007 a aeronave Airbus 320 da TAM, cumprindo o vôo 3054 acidentou-se durante o pouso no aeroporto de Congonhas, vitimando todas as 187 pessoas a bordo e mais doze no solo. Este acidente foi por demais explorado pela mídia do país, com conseqüências jurídicas ainda em andamento e sendo uma ferida aberta na aviação comercial brasileira e na vida dos familiares das vítimas.

 

Clove Mendonça Júnior

Nesta postagem quero relembrar um amigo com o qual compartilhei uma parte importante de minha vida na aviação e que, por obra do destino, estava a bordo do PR-MBK. Durante os anos de 1984 a 1987 participei ativamente no Departamento de Paraquedismo do Aeroclube de Santa Maria.  Encravada ao pé de morros que fazem parte da Serra Geral e que fazem a transposição entre a Depressão central e o Planalto Riograndense é também chamada de Sta Maria da Boca do Monte, sendo uma cidade com uma grande parcela de jovens, sejam universitários, alunos de cursos preparatórios e também militares, devido a presença de uma grande Base Aérea e diversos quartéis do exército, tendo na época a maior concentração de quartéis no Brasil, depois da área do Rio de Janeiro.

Nos finais de semana muitos destes jovens freqüentavam as dependências do Aeroclube, iniciando cursos de pilotagem , aprendendo a arte da mecânica da aviação, apreciando as aeronaves ou realizando saltos de paraquedas.

E foi durante o Curso de Paraquedismo, ministrado pelo instrutor Leonardo, que conheci o Clove Mendonça Júnior Seu objetivo era uma carreira na aviação e além do curso de paraquedismo  Mendonça também almejava se tornar um piloto comercial . Durante três anos foram muitos finais de semana envolvidos em saltos, participação em encontros de paraquedistas ou bate-papos regados a chimarrão durante as ensolaradas tardes de inverno , protegidos dentro do hangar do enregelante   vento sul.

Segui meu rumo e minha caminhada me levou lentamente de volta as minhas origens , em Minas Gerais. Após quatro anos trabalhando no 5/8 Grupo de Aviação ( helicópteros ) em Santa Maria fui transferido para Florianópolis e depois de sete anos, Curitiba. Infelizmente perdi o contato com quase todos amigos paraquedistas daquela época, quando a internet era incipiente e redes sociais um termo ainda a ser cunhado.     Consegui reencontrar com um ou outro nos primórdios do Orkut

 

 

 

 

 

 

 

mas infelizmente somente revi o Mendonça quando, após o acidente, meu filho olhando em um site fotos 3×4, de identidade, de passageiros do avião me disse que um deles era diretor do aeroclube de S. Maria e paraquedista.

Um grande choque ver que Mendonça conseguira construir sua carreira na aviação, sendo instrutor de paraquedismo, Ultra-leves e Diretor de Aerodesporto no Aeroclube em São Gabriel, vindo por ironia do destino partir em uma aeronave quando ia a São Paulo renovar seu visto.

No final do ano passado , em uma viagem a São Paulo visitei o memorial erigido em memória as vítimas do vôo 3054 e procurei pelo nome do saudoso amigo. Não posso mais te dizer obrigado pelos bons momentos,  mas as  boas lembranças ficam, permanecem e são eternas na vida de quem as viveu.

Reinaldo Neves