Nos dias 8 e 9 de novembro os caças F-16 Falcon do famoso “team” da Força Aérea norte americana “Tunderbirds”,  fizeram a sua última apresentação da temporada de 2014  em sua casa, a Base Aérea de Nellis, na famosa cidade de Las Vegas, Nevada. Este final de semana não foi só marcado pelo “homecoming”, como é chamada a última apresentação da temporada, também foi realizado o Aviation Nation 2014: o show aéreo de Las Vegas. No outro lado do pais em Pensacola, Florida também fazia o homecoming os Blue Angels da Marinha, marcando o final da temporada dos dois times acrobáticos militares do EUA após a paralisação de ambos times durante o ano passado devido à corte de custos.

Este evento contou com uma ampla exposição em solo e ar das aeronaves da United States Air Force. Logo ao entrar no local do evento eram avistadas as duas aeronaves destaques do Aviation Nation: O caça F-22 Raptor e o F-35A Lightning II. Ambas pertencentes a esquadrões sediados ali mesmo em Nellis, a casa da aviação de caça da Forca Aérea e principal base do Red Flag, famoso exercício multinação da aviação de caca.

Fotos acima:     Caça  F-35 Lightning    e     caça F-22

Fotos abaixo:  Caça F-15E Strike Eagle   e  cockpit do “destruidor de tanques”  A-10 Tunderbolt

 

 

 

 

 

 

 

No lado oposto os visitantes se deparavam com o  A-10C Thunderbolt II e o F-15E Strike Eagle, a última versão do lendário caça da McDonnell Douglas. No A-10 era possível subir e conhecer um pouco sobre o avião com um piloto que no assento respondia a cada pergunta dos visitantes. Fiz um comentário,  falei a ele que eu sinceramente achava que o F-35 não irá fazer o mesmo trabalho do A-10, e ele prontamente respondeu: “Com certeza não”.

A exposição não se limitava apenas a aeronaves de caca e ataque, mais ao Norte estavam dispostos o cargueiro C-130-30J Super Hercules, o quadrijato de reconhecimento RC-135, que é uma versão menor do 707. Logo em seguida estava o seu irmão E-3 Sentry, este um 707 original modificado com um grande radar em cima da fuselagem para missões de AEW&C , assim como nosso Embraer R-99. Logo após continuava a família 707 com o reabastecedor KC-135R, versão similar ao nosso KC-137 retirado de serviço no ano passado. Este reabastecedor conta com nova motorização turbofan CFM-56, mais potentes e modernas do que os antigos P&W J57, que eram turbojatos. O KC-135 estava aberto para visita do público juntamente com o seu outro companheiro de reabastecimento, o KC-10 originalmente um DC-10.

Mais perto do público estava o C-5M Super Galaxy, maior cargueiro militar do mundo atualmente. Com ambas portas dianteira e traseira abertas parecia engolir os visitantes. Chama a atenção o amplo espaço interno, mesmo com o avião cheio de pessoas o ambiente estava bem mais fresco do que o clima de deserto da base, devido à sombra e o vento que passava por dentro da fuselagem de 75 metros de comprimento.

 

 

 

 

 

Fotos acima : C-5 Galaxy e KC-10

 

Fotos abaixo:  Cockpit do KC-10 Extender  e  interior do cargueiro C-5 Galaxy

 

 

 

 

 

 

 

Até aqui eu visitara cerca de metade da área de exposição, no lado sul estavam estacionados  os esquadrões que são sediados na base, que são realmente muitos. Os mais famosos por aqui, depois dos Thunderbirds , não são os cacas stealths, drones ou bombardeiros de longo alcance, e sim os esquadrões Agressors, esquadrões que operam aeronaves F-5, F-16 e F-15. Teoricamente nada de especial, até se aproximar e ver a pintura totalmente diferente, em cores chamativas como azul, preta, marrom e cinza, cores incomuns a USAF. Estes esquadrões são os adversários e inimigos oficiais do restante da Forca Aérea Americana, mas apenas no treinamento!

As cores incomuns são para dar maior fidelidade a sua missão: Simular uma forca de ataque Russa (ou Soviética até 1992). O realismo é levado tão a sério que durante a demonstração que falaremos na segunda parte o narrador tem um claro sotaque russo durante a apresentação do time, tendo como som de fundo o hino da URSS. Complementando o realismo havia ainda  uma bateria de mísseis russos 9K-33 Osa ou SA-8 Gecko pela OTAN, e também um lançador RPG-7 para o público tirar fotos.

Comprovando ainda mais que o foco de Nellis é a aviação de caca mais a frente estavam os QF-4 Phantom II, células do principal caca da USAF antes do F-15 que foram convertidas para serem alvos aéreos de alta realidade para seus treinamentos. Lá estavam também os convidados (a frequência de exercícios internacionais é tão grande em Nellis que 2 hangares e 2 hangaretes são exclusivamente o “quarto de visitas” com nome e tudo).

Fotos abaixo : Caças dos Esquadrões Agressor, F-16, F-15 e F-5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste ano, durante o Aviation Nation as visitas eram os ingleses da Royal Air Force com o Eurofighter Typhoon FGR.4 do Esquadrão 41 da base aérea de Coningsby. Aqui tive a oportunidade de conversar com o Tenente Stafford que falou um pouco sobre o motivo de virem da Inglaterra para treinarem em Nellis: “Vir para Nellis significa basicamente treinamento de caca em alto nível, mas não fazemos apenas missões desse tipo já que não está acontecendo o Red Flag, estamos finalizando a integração de armas do Typhoon, e recentemente estamos adaptando as capacidades de combate e operações com o F-35.” Também comentei o fato dos alemães da Luftwaffe estarem presentes há mais tempo, tendo em vista que 1 mês atrás estavam expondo no Miramar Air Show com o Tornado, evento este que nos cobrimos e você pode ver clicando aqui e aqui. E já que falamos do Tornado citei a grande variedade de aviões de caca-ataque-bombardeiro dos Ingleses, que além do Typhoon e Tornado tem o Harrier e ano que vem o F-35. Segundo o Tenente o F-35 veio para substituir o Harrier em capacidade de operar embarcado e VTOL, e o Tornado em capacidade de superioridade aérea. Já o Typhoon está constantemente atualizado para servir de caca de ataque assim na linha do Harrier e em caca multimissão na linha do Tornado.

Fotos abaixo: Caças europeus  Eurofighter Typhoon  e  Tornado

 

 

 

 

 

 

Mas o show não contava apenas com americanos da Forca Aérea, a Marinha apesar de ter o seu TopGun enviou para Nellis dois EA-18 Growler, que por fora são idênticos ao F-18F Super Hornet, mas as diferenças param por ai a partir do momento que o Growler entra em combate todo o sistema eletrônico do inimigo é fortemente interferido, confundido e até desligado. A sua capacidade total é mantida em segredo, mas até onde se sabe  ele é o segundo a decolar do porta-avioes, logo após a aeronave AEW&C, e sai “limpando” o caminho para os Super Hornets.

Após passarmos por mais de 100  aeronaves expostas chegávamos ao fim da parte da base dedicada ao show aéreo. Neste ponto encontramos com o vovô B-52 completando ano que vem 60 anos desde seu primeiro vôo e está programado para voar até os 85 anos de idade. Ao seu lado estava o moderno B-1B Lancer,  possuidor de capacidades supersônicas e o único avião ocidental em operação ao lado do Tornado que tem asas de geometria variável. A diferença é o tamanho do Tornado, um caça, e o B-1B  Lancer um bombardeiro quadrirreator.

 

 

 

 

 

 

Na continuação desta reportagem veremos os shows que aconteceram neste belíssimo evento. Em breve !

Texto e fotos:  Carlos Martins

 

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